Em troca de delação, Ronnie Lessa pediu para segurança da família ser reforçada

Itaperuna 25 de janeiro de 2024

A expectativa é de que a delação seja homologada pelo Superior Tribunal de Justiça até o fim da semana que vem

Foto/Uol

Acusado de ter feito os disparos que mataram a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes, o policial reformado Ronnie Lessa pediu, em troca da delação, que a segurança da família dele fosse reforçada. A informação foi confirmada pelo repórter Túlio Amâncio, da TV Band em Brasília.

Aos investigadores, Lessa apontou o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio Domingos Brazão como um dos mandantes do assassinato.

A motivação seria a atuação da vereadora contra construções irregulares na Zona Oeste do Rio, onde o conselheiro disputava influência com o ex-vereador Marcello Siciliano. O crime também serviria como vingança contra o ex-deputado Marcelo Freixo, com quem ela trabalhou por 10 anos e que presidiu a CPI das Milícias na Assembleia Legislativa do Rio.

A expectativa é de que a delação seja homologada pelo Superior Tribunal de Justiça até o fim da semana que vem. Se for aceita, Ronnie Lessa também deve ser transferido do presídio onde está no Mato Grosso do Sul para uma penitenciária em Brasília.

Domingos Brazão negou qualquer envolvimento com o crime e disse que não conhecia Marielle, nem os outros acusados de participação na morte dela. Ele também afirmou que, apesar de ter tido embates com Freixo no plenário da Alerj, nunca teve qualquer problema pessoal com ele. A defesa do conselheiro ainda ressaltou que desconhece o teor do inquérito, já que teve o acesso à investigação negado.

O advogado criminalista Leonardo Pantaleão explica que, para a delação ser aceita, Ronnie Lessa também precisa apresentar outros elementos que sustentem a versão apresentada.

O nome de Domingos Brazão já havia sido relacionado ao caso em 2019, quando ele foi acusado pela Procuradoria-Geral da República de tentar obstruir as investigações.

Com irmãos na Câmara dos Deputados e na Alerj, Brazão já foi vereador e deputado estadual por cinco mandatos consecutivos antes de assumir o cargo no TCE. Ele chegou a ser preso em 2017 em um desdobramento da operação Lava Jato, por suspeita de receber propina para fazer vista grossa em desvios do governo de Sérgio Cabral, e voltou ao cargo no TCE no ano passado.

Após ter aceitado fazer a delação, Ronnie Lessa deve mudar de defesa. O atual advogado negou saber de qualquer colaboração e disse que, se ele realmente tiver optado por delatar, vai deixar o caso por ideologia jurídica.

Além de Ronnie Lessa, o ex-policial militar Élcio Queiroz e o ex-bombeiro Maxwell Simões Corrêa também estão presos acusados de envolvimento nos assassinatos. Segundo as investigações, Élcio dirigiu o veículo usado para cometer o crime, Ronnie foi o atirador e Maxwell participou de uma primeira tentativa frustrada de assassinato e ajudou no desaparecimento de provas.

Élcio também já firmou acordo de delação premiada, mas parte do que ele disse segue sob sigilo para não atrapalhar as investigações.

Marielle e o motorista Anderson Gomes foram mortos a tiros no dia 14 de março de 2018, no Centro do Rio.

Na terça-feira (23), familiares da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes criticaram o uso das investigações sobre os assassinatos para alimentar disputas e interesses pessoais ou de grupos políticos.

Em nota conjunta, as famílias dizem que aguardam com esperança que a delação do policial reformado Ronnie Lessa apresente novos elementos probatórios que representem um avanço significativo na busca por justiça.

Fonte: UOl

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