Casamento em manutenção é casamento durável
Itaperuna 24 de fevereiro de 2021
Olha que assunto: casamento.
Casamento é essa coisa maravilhosa, esse estado de parceria formal, bem fundamentado, esse compromisso de fidelidade a dois. Para o que der e vier. E olha que vida a dois é um exercício mais pesado que triatlon!
Você pega duas pessoas que vieram de criação diferente, ideias diferentes, valores diferentes, e elas agora vão conviver, vão se apreciar, se tratar bem nos dias bons e nos dias mais complicados. Aí é que começa o desafio.
Acontece que a arte de conviver já é isso mesmo, uma arte. Não é uma coisa que vem natural, “ah estou com muita raiva agora, mas vou sorrir o dia todo pra te fazer feliz”, não. A pessoa vê o lado chato da outra, o mau humor, a contrariedade, os defeitos. Ah, os defeitos!
Mas é esse o jogo. Não é nada redondinho, que não tem o que ajustar, aquela coisa de conto de fadas, esqueça isso. Casamento é um relacionamento maduro, duas pessoas decidem caminhar juntas, e lá vão elas. Um dos dois escorrega, o outro levanta.
Tem um texto na Bíblia que diz isso, é melhor serem dois do que um, está lá em Eclesiastes 4:9. Tem gente que diz, “Ah, eu prefiro estar sozinho na vida, só curtir!” Pois vá em frente, aproveite bem. Mas se a sua ideia, seu plano de vida é a dois, pode começar agora um curso intensivo pessoal de como conviver a dois.
Casamento é renúncia, é estar certo mas deixar o outro que está errado ter razão – que desafio, meu Deus! É deixar de comprar aquela peça maravilhosa que você viu porque o outro quer trocar o sofá, que pra você não faz a mínima diferença. Enfim, dizem que a arte de viver a dois é a arte de caprichar nos detalhes.
Então uma dica para você é: primeiro, cuidado com o que fala para o outro. Às vezes a gente acha que por conviver com a pessoa a gente pode falar o que quer, do jeito que quer, na hora que tem vontade.
Segundo, tem gente que acha que porque casou a família do cônjuge morreu. Gente, casamento não é enterro. Respeite a história da outra pessoa, aprenda a dividir tempo com os outros. “ Odeio minha sogra, meu sogro, odeio os cunhados, odeio o cachorro, quero casar só com você, o resto você deixa pra trás!” Peraí, você quer casar ou colocar a outra pessoa numa ilha só com você?
Isso tem outro nome na minha terra, chama-se sentimento de posse. Amor é diferente. Amor agrega, compartilha, multiplica. Onde tem amor tem generosidade, comunhão, vida. Para com essa síndrome de cadeia com desculpa de “eu te amo e quero você só pra mim”. Se você quer a outra pessoa só para você, vou te dar uma dica: procure ajuda profissional, porque senão daqui a pouco você está o que, amarrando a pessoa numa coleira. Nada disso, vamos mudar essa história.
A pandemia fez muita gente se isolar e descobrir que tinha um cônjuge em casa. A pessoa trabalhava o dia todo fora, e agora tem que conviver com os hábitos do cônjuge, aquela cebola fritando, aquela música que toca durante o banho, que nem sempre é a sua preferida. Enfim, agora as pessoas falam ao telefone, usam computador direto… e o cônjuge fica pensando, meu Deus, quem é esse ser humano que está na minha casa dizendo que somos casados?
Está acontecendo muito divórcio nesse período de confinamento, mas por que será? Talvez porque seja necessário uma passada a limpo nos hábitos, na compreensão mútua. O amor está ali, vivo, mas a pessoa não se comunica, não se faz entender, e a outra nem sempre QUER entender.
Você quer um casamento duradouro? Então olha a dica: é igual tanque de gasolina. Cuide para que nunca falte, senão o carro não anda. Coloque os ingredientes certos no seu casamento. Respeito, limites saudáveis, acordos entre os dois, parceria, aprenda a ouvir, prestar atenção e entender, sem manipular. Casamento precisa de manutenção.
O que tem manutenção sempre está sempre funcionando. Ao contrário disso, se a pessoa não cuida da relação, lógico que vai deteriorar. Acontece isso com tudo, e com casamento também.
É que nem curso, a pessoa fez um curso faz 30 anos. É hora de reciclar, já tem mais conhecimento novo, outras visões. Casamento é assim.
Redescubra seu cônjuge. Comece do zero de novo. Seu cônjuge ainda gosta do mesmo perfume de 10 anos atrás? Tem algum filme novo que ele ou ela não assistiu com você? O prato preferido é o mesmo? Tem algum novo para descobrir? Um jeito diferente de colocar a mesa? Uma poesia, um texto da Bíblia que você descobriu e queria estudar junto? Vocês costumam orar juntos, pelo menos assim, 5 minutos que seja?
Vale a pena. Como diz Fernando Pessoa, “tudo vale a pena se a alma não for pequena”. Vamos lá, vamos ampliar essa alma aí e fazer valer a pena.
Separar-se é sempre traumático, melhor que nunca aconteça. Assim, último dos últimos dos últimos dos casos, não tem mesmo o que fazer. Esgote todas as possibilidades para estar bem, para viver com a pessoa que você ama.
Comece por você, claro. Comece entendendo o que a outra pessoa espera de você, talvez tenha alguma coisinha aí para melhorar, mas você se acha o último biscoito do pacote e não percebe as reclamações sobre algum comportamento seu.
Pois aqui está sua oportunidade de reestruturar essa história. Para ter um casamento que dure, a manutenção é diária. Preparado para essa aventura? Pois terminou esse vídeo aqui, pense: “Eu amo essa pessoa e quero arrumar essa história”. Se precisar de ajuda, vale uma procura por profissionais da área.
Seja feliz, e seja feliz a dois também!
Me conte como foi isso, e até a próxima!
José Fernandes Vilas
Artigo muito oportuno,serve pra todo tipo de relacionamento,pra todo tipo de convivência, pais e filhos, irmãos, enfim pra todo mundo que precisa “adultizar” !