MENTIRA
Itaperuna 19 de fevereiro de 2021
Sabe aquela frase famosa: “A mentira tem pernas curtas”. Então. Sabe o que significa?
Que a mentira é um recurso que não vai muito longe.
Quero começar essa conversa com você com uma primeira perguntinha: você mente para sair de situações difíceis, constrangedoras? A famosa “mentira branca”? Bem a mentira pode ter a cor que for, uma hora essa cor desbota e o que sobra é um constrangimento maior do que outra coisa.
A pessoa que mente está procurando uma alternativa para não enfrentar alguma coisa, porque acha que se falar a verdade o problema vai ficar enorme, maior ainda. Vamos começar definindo isso: mentir nunca é uma boa saída.
Agora vem um oposto terrível, e você precisa ter sabedoria para distinguir: a pessoa diz, “ah, quer saber de uma coisa, vou falar toda a verdade!” e solta aquela bomba guardada há anos. O que acontece? Ferida para todos os envolvidos, anos e anos depois. Sofre quem falou só agora e sofre quem ficou sabendo só agora.
O mentiroso é escravo de medos, alguns deles ilusórios. “Ah, se eu falar a verdade ela vai terminar comigo”, “Se eu falar a verdade vou ficar mal com a pessoa”. Veja bem, e o que acontece se você NÃO FALAR a verdade agora e isso for descoberto depois? Pense numa bomba atômica que explode depois. É isso.
Há um problema muito grave sobre quem mente. A pessoa adquire o hábito de mentir – nunca encara os problemas de frente, prefere contar uma história, e isso se torna um comportamento recorrente. Resultado: um transtorno mesmo, uma alteração na personalidade, chamada MITOMANIA. O que é isso? É o hábito de mentir, um vício, uma atitude doentia, e que requer tratamento.
Veja como a coisa piorou bastante, passou da “mentirinha branca”, “mentirinha inocente, que não faz mal a ninguém”, para um hábito avassalador. Tem um filme do Jim Carrey, aquele comediante super talentoso, que se chama “O Mentiroso”. Sabe qual o problema do mentiroso? Quando ele disser a verdade, não há como acreditar.
É aquela pessoa que diz, “estou me afogando”, todos correm para ajudar, e ele ri e diz, “ah, era brincadeirinha!”, e um dia ele pode estar se afogando mesmo, e ninguém acudir.
Agora, pense comigo, afinal qual o problema da mentira? O medo, o receio de não ser importante o bastante – a pessoa exagera os fatos ou quer impressionar, tem medo de não ser percebida, não ser acreditada – olha que coisa antagônica! Ela tem medo de os outros não acreditarem nela, então ela mente, exagera!
O contrário é verdadeiro: o medo de ser desprezada por ter cometido um erro: “Você falou isso de mim?”, e em lugar de a pessoa dizer, “olha, eu falei. Me perdoe, errei mesmo.”, ela insiste: “Eu??? Você está louco. Jamais!” mais tarde a mentira é descoberta, e acabou a brincadeira, a amizade a confiança. Não sai mais caro?
Eu venho te fazer uma proposta hoje: comece a optar pela verdade simples. A simplicidade, a verdade, admitir que errou, esses detalhes, isso coloca você numa situação de credibilidade, de paz com as pessoas e com você mesmo.
Errou? Peça desculpas. Falhou? Reconheça. Conte os fatos o mais simples e verdadeiramente possível. E se não tiver graça, não conte. Melhor calar do que mentir. Nem sempre você precisa ser o “jornalista da turma”, que conta tudo que ouve, e acaba exagerando.
Mentir é um hábito, e pode virar um transtorno de personalidade, olhe que coisa grave. Livre-se disso.
Outra questão muito séria sobre a mentira é que a pessoa que mente, mente, mente, um dia acredita na própria mentira mais do que na verdade. Ela já não reconhece a diferença entre mentira e verdade.
Se você convive com um mentiroso, não adianta olhar feio para ele e falar, “seu mentiroso! Nunca mais acredito em você!”, nada disso. Não precisa. Lembre-se: a pessoa pode já estar doente e nem sabe.
Uma dica para você: siga uns poucos roteiros, veja – ouça a pessoa, mas ouça mesmo, prestando atenção; não julgue, espere a pessoa terminar a história, não escute pensando “ah esse mentiroso!”; deixe claro para a pessoa: “olhe, eu estou te ouvindo mas vou te dizer claramente: é exato isso que você está dizendo? Se eu verificar vou chegar nos mesmo fatos? Porque é a minha confiança que está em jogo.”
Bem forte isso, né? Mas é por aí. Diga para a pessoa, “Olha, eu noto que às vezes você conta vários detalhes dos fatos, e isso pode alterar a informação. Que tal se você listar os fatos, assim, em 5 passos: fato 1, fato 2, fato 3,…. e por aí vai?”
E você verifique os fatos, deixe uma margem para o caso de a pessoa ter exagerado; mantenha um bom diálogo, apenas seja cuidadoso com o que acredita.
Pessoas acometidas dessa doença sofrem uma alteração da realidade. Então cuidado.
A mentira é um ácido para a alma, deforma o caráter.
Agora me diga: você está bebendo a água cristalina da verdade ou o ácido da mentira?
Hora de parar com isso agora mesmo. Você vai ver que bacana as pessoas acreditando no que você diz, e que coisa boa é você ser exato, nem mais e nem menos.
Estamos num tempo que muitas notícias sociais são mentira, são para dar audiência. A sociedade acredita e age de acordo, já nem sabemos direito quem está mentindo ou não. Isso sim é uma pandemia! Uma pandemia da ética social.
Vamos começar a rever isso, e começar essa transformação em nós mesmos, repassando a limpo o que achamos que é “verdade”, mas é um grande equívoco, uma mentira que contamos para nós mesmos e nos guiamos por ela, do tipo “ninguém gosta de mim”, “sou mal recebido na casa de fulano, não vou mais lá”, “aquela cunhada, aquela sogra, aquela pessoa, não vai com a minha cara”. Cuidado para não fazer de suas percepções, que podem ser um equívoco uma verdade.
Falar a verdade sem amor tem o mesmo impacto de uma mentira – é devastador. Então sim, fale a verdade, mas seja sábio, seja elegante, seja gentil. Lá em 1 Coríntios 13, aquele capítulo maravilhoso que trata sobre o amor, diz que o amor “não fica contente com a mentira, mas prefere a verdade”.
E você, prefere o quê?
Se for a verdade, comece com você mesmo. O que será que te disseram que provocou separações, raivas, rompimentos, mal entendidos? Era verdade mesmo ou era uma versão, uma interpretação da verdade, e você falou, “ah é?”, e já mudou totalmente com todos?
Esse é seu desafio. Arrumar essa casa interior. Fale a verdade primeiro para você. Vai valer a pena! Depois me conte como foi.
Um abraço e até a próxima!
José Fernandes Vilas