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Comissão de Ética na Câmara Municipal de Itaperuna: Uma Proposta Ignorada que Reflete Desafios de Gênero na Política

Itaperuna 18 de fevereiro de 2025

A criação de uma comissão de ética na Câmara Municipal de Itaperuna, levantada no ano passado pela vereadora Sargento Cristiane, nunca foi adiante , mas continua a levantar questões importantes sobre o funcionamento da política local e os desafios enfrentados pelas mulheres em cargos públicos.

A iniciativa da vereadora foi motivada, em parte, pelas dificuldades pessoais que ela enfrentou no legislativo, principalmente em relação a um vereador que constantemente a afrontava. Como mulher, ela sentiu que essas atitudes desrespeitosas e antiéticas precisavam ser combatidas, não apenas para garantir um ambiente mais saudável no legislativo, mas também para promover a justiça e o respeito nas relações políticas.

A proposta da comissão de ética visava não apenas fiscalizar o comportamento dos vereadores, mas também estabelecer uma estrutura que pudesse combater infrações como a quebra de decoro, corrupção e outras práticas que comprometem a integridade da Câmara. Para Cristiane, essa comissão representaria uma forma de dar mais transparência ao processo político e combater atitudes que geram desconfiança na população.

Apesar de sua relevância, a proposta da Sargento Cristiane não obteve êxito. Questiona-se: por que Itaperuna, uma cidade que defende a moralidade e a ética como pilares importantes, ainda não tem uma comissão de ética em funcionamento?

A resistência à criação desse órgão pode estar ligada a diversos fatores, desde o receio de um maior controle sobre as atitudes dos parlamentares até o simples desinteresse por parte de alguns vereadores em mudar a estrutura de funcionamento da Câmara. Contudo, é impossível ignorar que a política local enfrenta, também, questões relacionadas à desigualdade de gênero. O fato de uma mulher, ser constantemente desrespeitada por um colega vereador, coloca em evidência os desafios enfrentados pelas mulheres na política e o machismo que ainda permeia muitas das relações dentro das instituições públicas.

Porém, o apoio popular à criação de uma comissão de ética seria, sem dúvida, significativo. A população de Itaperuna, ciente dos problemas éticos enfrentados pelos seus representantes, veria com bons olhos a criação de um órgão que pudesse zelar pela moralidade e pela transparência na política local.

Mas o que precisa ser entendido é que uma comissão de ética não serve apenas para punir infrações, mas também para promover um ambiente mais respeitoso e justo entre os próprios parlamentares. Ela ajudaria a estabelecer regras claras para o comportamento no plenário, fazendo com que os vereadores se preocupassem mais com a qualidade de suas atitudes e menos com a possibilidade de impunidade.

Para Sargento Cristiane, a proposta da comissão de ética representa não só um mecanismo de fiscalização, mas também uma forma de afirmar a sua própria posição na política, como mulher e como vereadora, em um espaço tradicionalmente dominado por homens. Sua experiência pessoal de ser alvo de afrontas a motivou a buscar uma forma mais eficiente de garantir o respeito entre os pares e para a população, algo que não pode ser ignorado.

Ela é, sem dúvida, uma das vozes que mais compreende a necessidade de reformas no legislativo local. Mas, para que propostas como a dela avancem, é necessário mais do que vontade política: é fundamental que a população exija mudanças e que as resistências, sejam elas de ordem política ou de gênero, sejam superadas.

A criação de uma comissão de ética na Câmara Municipal de Itaperuna não é apenas uma questão administrativa ou legislativa, mas também um passo importante para garantir um ambiente mais justo e respeitoso para todas as mulheres que, como a Sargento Cristiane, buscam atuar na política sem ter que enfrentar desafios desnecessários. É hora de repensar a atuação dos vereadores e exigir que a ética e o respeito sejam prioridades no processo legislativo. O futuro da política de Itaperuna depende disso.

O preço da liberdade é a eterna vigilância

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