A dor além da dor: o impacto emocional de quem enfrenta a falta de saúde

Itaperuna 28 de novembro de 2024

Quando a saúde falta, o que se instala não é apenas a doença no corpo, mas uma ferida aberta na alma. É o momento em que o paciente, já vulnerável pela patologia, se vê diante de um sistema que deveria ampará-lo, mas que, muitas vezes, o coloca em situações ainda mais dolorosas. Não se trata apenas de filas intermináveis, de exames que nunca chegam ou de consultas marcadas com meses de espera. Trata-se do constrangimento, da sensação de impotência e, acima de tudo, do abandono.

Cada passo em busca de atendimento é uma batalha. Quem precisa de saúde pública sabe: não basta estar doente, é preciso enfrentar a humilhação de implorar por algo que deveria ser um direito básico. É ouvir o “volte outro dia”, é suportar olhares de descaso e, muitas vezes, sofrer na própria pele a falta de humanidade.

A dor física pode ser tratada com remédios, mas como se cura a dor emocional de quem se sente invisível? Como se recupera o coração de um paciente que, além de lutar contra sua enfermidade, precisa lutar contra um sistema que parece não querer vê-lo bem?

São histórias que nos cercam. Do idoso que madruga na fila do posto, da mãe que carrega o filho doente nos braços em busca de um leito, do trabalhador que adia o tratamento porque não pode perder o dia de trabalho. Cada uma delas é um grito silencioso por socorro, por dignidade, por cuidado.

A saúde vai além do físico. Ela está no olhar de quem acolhe, na escuta atenta de quem compreende, no gesto simples de quem respeita a dor do outro. A verdadeira cura só acontece quando tratamos o ser humano como ele merece: com amor, empatia e humanidade.

Que essas palavras não fiquem apenas no papel, mas sejam um convite à reflexão. A saúde não é um privilégio; é um direito. E ninguém deveria sentir dor duas vezes: a da doença e a do descaso.

FLÁVIA PIRES

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