Republicanos junta Cunha, Garotinho e filho de Brazão para apoio
Itaperuna 06 de agosto de 2024
Ex-presidente da Câmara, que dirige o partido na capital, pede campanha focada em críticas a Paes. Candidato do PL agradece apoio: ‘Boa e séria política’
O Republicanos reuniu desafetos e clãs políticos tradicionais do Rio para declarar apoio, nesta segunda-feira, à candidatura de Alexandre Ramagem (PL) à prefeitura do Rio. Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara e que atualmente comanda o diretório do partido na capital fluminense, foi o responsável por oficializar a aliança com Ramagem.
A convenção partidária contou também com discursos do ex-governador Anthony Garotinho e de Kaio Brazão, filho do ex-deputado Domingos Brazão. Ambos são candidatos a vereador pelo Republicanos, e tiveram participações protocolares. Garotinho e Cunha, embora hoje estejam no mesmo partido, são desafetos de longa data e travaram embates públicos na Câmara dos Deputados. Kaio, por sua vez, concorre sob a sombra da prisão do pai, acusado de ser o mandante do assassinato da vereadora Marielle Franco — crime no qual ele nega ter qualquer envolvimento.
Em sua fala, Cunha pediu a todos os candidatos do partido que façam uma campanha com críticas ao prefeito Eduardo Paes (PSD), candidato à reeleição e adversário de Ramagem. Paes e Cunha ensaiaram uma aliança no início deste ano, quando o prefeito entregou cargos da administração para nomes indicados pelo ex-presidente da Câmara. Mas romperam às vésperas da eleição, em meio a acusações de lado a lado.
Cunha fez referência ainda à movimentação de Paes, nos bastidores, para transmitir a prefeitura a seu vice em 2026, de olho em uma candidatura ao governo do Rio.
Ramagem é candidato a prefeito para ficar quatro anos. Não é candidato para largar a prefeitura e deixar um vice que ninguém conhece cuidando da cidade. Quem está votando no Eduardo Paes está votando no vice. É isso que teremos que levar para a campanha inteira. (…) O atual candidato à reeleição vai para 16 anos (como prefeito) se for eleito. Quem teve a chance e não fez, perdeu a vez. E agora a hora é de Ramagem — discursou Cunha.
Ao agradecer o apoio de Cunha, Ramagem aproveitou para criticar a duração do grupo político de Paes na prefeitura do Rio. O cálculo do candidato do PL vai desde a primeira gestão de Cesar Maia, eleito em 1992, até o ano de 2024 — descontando, porém, os quatro anos de gestão de Marcelo Crivella, eleito pelo Republicanos em 2020, e que não participou da convenção do partido nesta segunda.
O Republicanos é um partido que sabe que a boa e séria política é que transforma a vida das pessoas. Não é essa politicagem do grupo do Eduardo Paes, que só pensa no individual e (deixa) nossa cidade está do jeito que está, com 28 anos desse grupo no poder — criticou.
Quando Ramagem discursou, outros caciques do partido, como Garotinho e o filho de Brazão, já haviam deixado o palco. O ex-governador, chamado a discursar por Cunha, pediu que o partido caminhe unido na campanha. Logo depois de falar ao público ele se retirou da convenção, acompanhado pela esposa e ex-governadora Rosinha Garotinho.
— Aqui é um pelo outro. Não é um contra o outro. Se você, andando na rua, pedindo voto para o seu candidato, encontrar alguém que diga “vou votar no Garotinho por causa do Cheque Cidadão”, “aquele restaurante popular que o Garotinho fez matou a minha fome”, deixa votar no Garotinho — pediu o ex-governador.
Kaio Brazão disse, em um rápido discurso, que pretende “dar continuidade ao mandato da família Brazão”, e defendeu o legado deixado “por meu pai e por meu tio” no Rio. Além de Domingos, seu pai, ex-deputado e conselheiro afastado do Tribunal de Contas do Estado, o tio, Chiquinho Brazão, que é deputado federal, também foi preso pela Polícia Federal sob acusação de ordenar a morte de Marielle.
Com a oficialização da aliança entre Republicanos e PL, a coligação de Ramagem passa a contar com três partidos — o MDB já havia declarado apoio a ele na capital fluminense.
O Republicanos chegou a ser cotado para indicar o candidato a vice na chapa de Ramagem, mas a escolhida pelo partido, a deputada estadual Tia Ju, rejeitou o convite devido a pressões da Igreja Universal do Reino de Deus. Com isso, o candidato do PL decidiu formar uma chapa “puro sangue”, tendo a correligionária India Armelau como vice.
Entre os partidos com representação no Congresso Nacional, seis lançaram candidatos à prefeitura do Rio: Eduardo Paes (PSD), Alexandre Ramagem (PL), Tarcísio Motta (PSOL), Marcelo Queiroz (PP), Rodrigo Amorim (União) e Carol Sponza (Novo).
O Globo