Rodrigo Bacellar se aproxima de Bolsonaro e pavimenta disputa ao governo do RJ
Itaperuna 16 de julho de 2024
Movimento antecipa confronto com Eduardo Paes e fortalece plano para 2026
O presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, Rodrigo Bacellar (União Brasil), tem intensificado sua relação com a família de Jair Bolsonaro (PL) nas últimas semanas. Esse alinhamento estratégico visa fortalecer sua candidatura ao governo do estado nas próximas eleições estaduais, previstas para daqui a dois anos.
Laços estreitados com a família Bolsonaro:
Recentemente, Bacellar reuniu-se com o ex-presidente Jair Bolsonaro e seus filhos, o senador Flávio Bolsonaro e o vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ). As conversas abordaram estratégias para as eleições municipais de 2024 e sondaram Bacellar para uma aliança em 2026.
“Disse a eles que sou uma pessoa de grupo. Se lá na frente o meu nome for o mais viável, disse que estou à disposição para representar. Se for outro, não tenho problema nenhum também”, afirmou Bacellar.
Confronto com Eduardo Paes:
O movimento de Bacellar também intensifica a antecipação de um confronto silencioso com o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD). Paes, um potencial candidato ao governo estadual pela base do presidente Lula (PT), vê no presidente da Assembleia um adversário direto. A disputa pelo governo do Rio deve ser uma das mais acirradas nas próximas eleições.
Medalha do “Clube Bolsonaro”:
Em Brasília, Bacellar foi agraciado pelo ex-presidente Bolsonaro com a medalha do “clube Bolsonaro”, também conhecida como o emblema dos “três Is” (imorrível, imbrochável, incomível). Esse gesto simboliza o reconhecimento e a confiança do grupo político de Bolsonaro em Bacellar.
Estratégias para 2024 e 2026:
A reunião mais longa de Bacellar foi com Flávio Bolsonaro e o presidente nacional do União Brasil, Antônio Rueda. Nela, alinharam estratégias para as eleições municipais de 2024 e discutiram cenários para 2026.
No Rio de Janeiro, o PL planeja focar na eleição ao Senado, onde Flávio deve buscar a reeleição. A segunda vaga da sigla deve ser disputada entre Cláudio Castro e o senador Cláudio Portinho (PL).
A família Bolsonaro busca um nome fiel ao grupo, evitando episódios como o de Wilson Witzel, que se afastou do ex-presidente após assumir o Palácio Guanabara. Bacellar já demonstrou esse alinhamento ao lançar a candidatura do deputado Rodrigo Amorim (União Brasil) à prefeitura da capital, em contraste com a pré-candidatura de Alexandre Ramagem pelo PL.
Aliança bolsonarista:
A candidatura de Amorim não só foi autorizada, mas incentivada por Flávio Bolsonaro, que discursou no evento de lançamento da chapa do deputado. “Nós não nos curvamos ao projeto de Lula no Rio, que é o Eduardo Paes. Conto com você para essa frente ampla contra Paes e Lula”, afirmou o senador.
Em seu discurso, Bacellar reforçou a transparência e o alinhamento da estratégia com a família Bolsonaro. “Ninguém está fazendo nada aqui pela porta dos fundos. Para esse projeto se concretizar, eu fui bater continência para o ex-presidente Jair Bolsonaro”, declarou.
No PL, a avaliação é que a multiplicação de candidaturas pode prejudicar Paes em diferentes frentes, evitando uma vitória no primeiro turno. Além de Amorim, a candidatura do deputado Marcelo Queiroz (PP) também é vista com esse potencial.
Base eleitoral:
Em sua base eleitoral, Campos dos Goytacazes, Bacellar lançou como candidata a delegada Madeleine (União Brasil), com perfil mais bolsonarista do que a pré-candidatura apoiada pelo PL. A sigla de Bolsonaro deve apoiar a reeleição do prefeito Wladimir Garotinho (PP).
A adesão de Bacellar aos Bolsonaro frustra uma ala do PT que via sua descendência sindical como um sinal de que ele não se distanciaria da esquerda. Seu pai, Marcos Bacellar, foi presidente do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias de Energia Elétrica do Norte e Noroeste Fluminense e também presidente da Câmara dos Vereadores de Campos.
“Não sou bolsonarista raiz. Não gosto dos exageros. Tenho minhas críticas, mas também tenho minhas convergências”, disse Bacellar.
Influência sobre o governo:
Rodrigo Bacellar é apontado como a voz mais influente sobre Cláudio Castro – para alguns, com um poder de decisão maior do que o próprio governador. A ele são atribuídas quedas e nomeações de secretários, bem como a recente crise entre Castro e seu vice, Thiago Pampolha (MDB).
Antes da ascensão política meteórica, Bacellar ocupou cargos no TCE (Tribunal de Contas do Estado) fluminense e no terceiro escalão da gestão Sérgio Cabral. Foi eleito em 2018 pelo Solidariedade no vácuo político após a prisão das principais lideranças do estado nos desdobramentos da Operação Lava Jato.
Ele ganhou notoriedade em 2019 ao ser relator das contas da gestão Luiz Fernando Pezão (MDB), marcada pelo caos financeiro. O deputado conta ter aceitado o pedido do ex-presidente da Assembleia André Ceciliano (PT) para fazer um parecer favorável ao amigo, recebendo o ônus político de apoiar o ex-governador, então preso – posteriormente solto e absolvido.
Obteve novos holofotes ao apresentar relatório favorável à soltura de cinco deputados presos na Operação Furna da Onça, aprovada em plenário. Ganhou outro impulso ao relatar o impeachment de Witzel, cassado em abril de 2021. O prestígio na classe política atraiu Castro, que lhe entregou a Secretaria de Governo.
Bacellar também é apontado como o centro do escândalo das chamadas “folhas de pagamento secretas”. O caso gerou uma ação que pede a cassação de mandato de Castro, Bacellar e outros dez políticos. O TRE (Tribunal Regional Eleitoral) do estado absolveu os acusados, que negam irregularidades.
Redação Flávia Pires
17/07/2024 9h51