Caso Marielle: ligação com os Brazão e chefia de milícia, saiba quem são major Ronald e Peixe, presos nesta quinta

Itaperuna 09 de maio de 2024

A dupla é acusada de envolvimento nos assassinatos da vereadora e de seu motorista, Anderson Gomes, em 2018

PM Ronald Paulo Alves Pereira, o major Ronald, apontado como ex-chefe da milícia da Muzema Gabriel de Paiva / Agência O Globo / 22-01-2019

Presos pela Polícia Federal (PF) nesta quinta-feira, acusados de envolvimento nas mortes da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, Robson Calixto da Fonseca, conhecido como Peixe, e o policial militar Ronald Paulo Alves Pereira, o major Ronald, têm seus nomes ligados às milícias da Zona Oeste do Rio. Enquanto Peixe figura como quem arrecadava valores no bairro da Taquara, Ronald foi apontado como “empreiteiro de construções irregulares” em Rio das Pedras; confira abaixo quem são eles.

Robson Calixto da Fonseca (Peixe)

O relatório da PF que determinou as prisões dos irmãos Brazão e do delegado Rivaldo Barbosa, em março, cita que Robson Calixto — apontado como quem intermediou a encomenda da morte de Marielle e Anderson — “figura como miliciano em algumas notícias de fato encaminhadas pelo Disque-Denúncia” em 2018. Ele é apontado como o responsável por recolher os lucros do grupo paramilitar na região da Taquara, relatos que o ligavam, de acordo com o documento, a Chiquinho e Domingos Brazão.

Assessor de Domingos Brazão na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), Peixe ainda o acompanhou quando o ex-parlamentar se tornou conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio (TCE-RJ).

Já ao irmão de Domingos, Chiquinho Brazão, Peixe colaborou com R$ 300 na sua campanha para vereador, em 2016. Segundo a PF, foi justamente esse mesmo valor que ele recebeu a título de prestação de serviço.

Robson Calixto integrou ainda, entre 2011 e 2015, o quadro societário de uma empresa cujo objeto social era a “construção de edifícios”.

Ronald Paulo Alves Pereira (major Ronald)

Já o major Ronald aparece como a pessoa que informou que Marielle estaria na Casa das Pretas em 14 de março de 2018, data em que foi assassinada no bairro do Estácio, na região central do Rio. Ele teria ligado para Edmilson da Silva de Oliveira, conhecido como Macalé — apontado como intermediário do crime, e executado em 2021. O PM seria responsável por levantar informações da rotina da parlamentar.

Preso pela Operação Intocáveis, em 2019, ele foi apontado como responsável pela logística do grupo de matadores Escritório do Crime, para que os assassinatos ocorressem sem vestígios. Segundo Ronnie Lessa disse à PF, major Ronald era “empreiteiro de construções irregulares” em Rio das Pedras.

Consequência da Operação Intocáveis, Ronald foi condenado, em outubro de 2021, por integrar organização criminosa nas comunidades de Rio das Pedras e Muzema. Considerado como um dos líderes do grupo, ele foi condenado a 17 anos e seis meses de prisão.

Em 2018, em meio ao momento em que o PM Rodrigo Jorge Ferreira, o Ferreirinha, prestou um depoimento falso à Delegacia de Homicídios — ele admitiu posteriormente que mentiu por querer se vingar do ex-chefe, o miliciano Orlando Oliveira de Araújo, o Orlando Curicica — uma denúncia anônima foi feita à DH.

A partir de livro do delegado Giniton Lages — ex-titular da Delegacia de Homicídios, alvo de busca e apreensão em março — o relatório da PF cita que, em 27 de abril de 2018, uma pessoa ligou para a delegacia e passou nomes e telefones dos supostos envolvidos na morte de Marielle e Anderson. Na ocasião, os vereadores Marcello Siciliano e Cristiano Girão foram apontados como quem encomendou o assassinado e que eles teriam acionado Curicica. Já Curicica, por sua vez, teria contratado o capitão Adriano e o Major Ronald para o serviço.

Na ficha de major Ronald, há ainda a acusação de participação do caso conhecido como Chacina da Via Show, na Baixada Fluminense, em 2003. Em dezembro daquele ano, quatro jovens foram brutalmente assassinados na saída de uma festa. Renan Medina Paulino, de 13 anos, Rafael Medina Paulino, de 18, Bruno Muniz Paulino, de 20, e Geraldo Sant’Anna, de 21, teriam se envolvido numa confusão na casa noturna e acabaram sendo sequestrados por PMs que faziam a segurança do local.

O globo

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *