CASO MARIELLE: MP VOLTOU A ANALISAR DOCUMENTOS QUE LIGAM FAMÍLIA BRAZÃO AO CRIME

Itaperuna 12 de janeiro de 2024

Novos documentos também foram anexados ao inquérito, que tenta descobrir os mandantes da morte de Marielle Franco, e contém trechos da operação que investigou a milícia de Rio das Pedras.

Montagem com a imagem de Marielle ao centro e integrantes da família Brazão. Ilustração: Intercept Brasil

O caso Marielle

Parte 29

Marielle Franco virou um símbolo internacional após seu assassinato no dia 14 de março de 2018. Com os olhos do mundo no Rio de Janeiro, todos estão perguntando: #QuemMandouMatarMarielle? E por quê? Confira o link abaixo.

https://www.intercept.com.br/series/caso-marielle-franco/

O MINISTÉRIO PÚBLICO DO RIO DE JANEIRO voltou a analisar documentos e arquivos anexados ao inquérito policial que investiga os possíveis mandantes dos assassinatos de Marielle Franco e Anderson Gomes, ocorridos em março de 2018. Parte do material, ao qual o Intercept Brasil teve acesso, tem relação direta com a milícia de Rio das Pedras, na zona oeste do Rio. Esse grupo é suspeito de ter ligação com a família Brazão e também ao Escritório do Crime, de acordo com as investigações da Polícia Civil e do próprio MP.

A Polícia Federal assumiu as investigações em fevereiro do ano passado, logo após Lula ter sido empossado presidente. Desde então, a PF vem revisitando as milhares de páginas contidas nos autos deste e de outros processos abertos em busca de pistas para elucidar o duplo homicídio. 

Montagem com a imagem de Marielle ao centro e integrantes da família Brazão.

Montagem com a imagem de Marielle ao centro e integrantes da família Brazão. Ilustração: Intercept Brasil

O caso Marielle

Parte 29

Marielle Franco virou um símbolo internacional após seu assassinato no dia 14 de março de 2018. Com os olhos do mundo no Rio de Janeiro, todos estão perguntando: #QuemMandouMatarMarielle? E por quê?

CONFIRA A SÉRIE COMPLETA 


O MINISTÉRIO PÚBLICO DO RIO DE JANEIRO voltou a analisar documentos e arquivos anexados ao inquérito policial que investiga os possíveis mandantes dos assassinatos de Marielle Franco e Anderson Gomes, ocorridos em março de 2018. Parte do material, ao qual o Intercept Brasil teve acesso, tem relação direta com a milícia de Rio das Pedras, na zona oeste do Rio. Esse grupo é suspeito de ter ligação com a família Brazão e também ao Escritório do Crime, de acordo com as investigações da Polícia Civil e do próprio MP.

A Polícia Federal assumiu as investigações em fevereiro do ano passado, logo após Lula ter sido empossado presidente. Desde então, a PF vem revisitando as milhares de páginas contidas nos autos deste e de outros processos abertos em busca de pistas para elucidar o duplo homicídio. 

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O MPRJ também juntou os novos documentos ao inquérito em agosto do ano passado – procuramos o órgão, que não quis comentar a informação, alegando que o processo está sob sigilo. Antes de deixar o Ministério da Justiça para assumir uma vaga no STF, Flávio Dino disse que o caso Marielle será integralmente resolvido “em breve”. Em outubro, o processo aberto para identificar o mandante saiu da Justiça do Rio e subiu para o Superior Tribunal de Justiça, em função de novas pistas contra Brazão

Alguns dos anexos são resultados de outras investigações, como, por exemplo, a Operação Intocáveis, que investigou a milícia de Rio das Pedras. 

Um dos documentos, por exemplo, mostra uma ligação telefônica entre Marcus Vinicius Reis dos Santos, o Fininho, e o deputado federal Chiquinho Brazão, do União Brasil. Chiquinho era vereador na mesma época em que Marielle foi assassinada. Já Fininho foi preso em 2022 por chefiar as milícias de Rio das Pedras e Muzema. Outros dois nomes aparecem como líderes da quadrilha: Maurício Silva da Costa e o ex-PM Adriano da Nóbrega, morto em 2020 na Bahia. Ambos integravam o Escritório do Crime. 

Chiquinho é um dos irmãos Brazão que domina há anos o cenário político fluminense. Segundo outro anexo juntado aos autos, o ex-vereador, durante sua gestão como presidente da Comissão de Assuntos Urbanos, legislou em causa própria para permitir a regularização e parcelamento do solo em áreas dominadas pela milícia – a informação tem como fonte matéria do jornal O Globo

Além de Chiquinho, o clã é composto também pelo deputado estadual Manoel Inácio Brazão, mais conhecido como Pedro Brazão. O grupo é liderado pelo ex-deputado estadual Domingos Brazão, atualmente conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro — ele passou quatro anos afastado do cargo, após ser preso, em 2017, na Operação Quinto do Ouro, um desdobramento da Lava Jato no Rio de Janeiro, sob acusação de recebimento de propina de empresários. 

Durante os tempos de deputado na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, a Alerj, Domingos entrou em disputas sérias com Marcelo Freixo, hoje no PT, e com quem Marielle Franco trabalhou por 10 anos até ser eleita vereadora, em 2016. O líder dos Brazão foi citado, em 2008, no relatório final da CPI das milícias, presidida por Freixo, como um dos políticos liberados para fazer campanha em Rio das Pedras.

Todas as vezes em que falou com jornalistas sobre o caso, Domingos Brazão negou qualquer envolvimento com o atentado que vitimou Marielle Franco e Anderson Gomes. Nós falamos com Márcio Palma, advogado de Brazão, que informou que não teve acesso aos autos que trazem os documentos anexados.  E enfatizou que “não há absolutamente nada que o possa vincular [Domingos Brazão] a essa história”, disse.

Desde a morte de Marielle, o Intercept Brasil já publicou reportagens que mostram as disputas da família Brazão com Marcelo Freixo e também a relação de outros supostos envolvidos de participação no crime com a milícia de Rio das Pedras. 

Vejas as principais:

Chiquinho e Pedro Brazão, dois outros políticos que integram o clã da família. Foto: Reprodução/Facebook
Montagem com a imagem de Marielle ao centro e integrantes da família Brazão.

Montagem com a imagem de Marielle ao centro e integrantes da família Brazão. Ilustração: Intercept Brasil

O caso Marielle

Parte 29

Marielle Franco virou um símbolo internacional após seu assassinato no dia 14 de março de 2018. Com os olhos do mundo no Rio de Janeiro, todos estão perguntando: #QuemMandouMatarMarielle? E por quê?

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O MINISTÉRIO PÚBLICO DO RIO DE JANEIRO voltou a analisar documentos e arquivos anexados ao inquérito policial que investiga os possíveis mandantes dos assassinatos de Marielle Franco e Anderson Gomes, ocorridos em março de 2018. Parte do material, ao qual o Intercept Brasil teve acesso, tem relação direta com a milícia de Rio das Pedras, na zona oeste do Rio. Esse grupo é suspeito de ter ligação com a família Brazão e também ao Escritório do Crime, de acordo com as investigações da Polícia Civil e do próprio MP.

A Polícia Federal assumiu as investigações em fevereiro do ano passado, logo após Lula ter sido empossado presidente. Desde então, a PF vem revisitando as milhares de páginas contidas nos autos deste e de outros processos abertos em busca de pistas para elucidar o duplo homicídio. 

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O MPRJ também juntou os novos documentos ao inquérito em agosto do ano passado – procuramos o órgão, que não quis comentar a informação, alegando que o processo está sob sigilo. Antes de deixar o Ministério da Justiça para assumir uma vaga no STF, Flávio Dino disse que o caso Marielle será integralmente resolvido “em breve”. Em outubro, o processo aberto para identificar o mandante saiu da Justiça do Rio e subiu para o Superior Tribunal de Justiça, em função de novas pistas contra Brazão

Alguns dos anexos são resultados de outras investigações, como, por exemplo, a Operação Intocáveis, que investigou a milícia de Rio das Pedras. 

Um dos documentos, por exemplo, mostra uma ligação telefônica entre Marcus Vinicius Reis dos Santos, o Fininho, e o deputado federal Chiquinho Brazão, do União Brasil. Chiquinho era vereador na mesma época em que Marielle foi assassinada. Já Fininho foi preso em 2022 por chefiar as milícias de Rio das Pedras e Muzema. Outros dois nomes aparecem como líderes da quadrilha: Maurício Silva da Costa e o ex-PM Adriano da Nóbrega, morto em 2020 na Bahia. Ambos integravam o Escritório do Crime. 

Chiquinho é um dos irmãos Brazão que domina há anos o cenário político fluminense. Segundo outro anexo juntado aos autos, o ex-vereador, durante sua gestão como presidente da Comissão de Assuntos Urbanos, legislou em causa própria para permitir a regularização e parcelamento do solo em áreas dominadas pela milícia – a informação tem como fonte matéria do jornal O Globo

Além de Chiquinho, o clã é composto também pelo deputado estadual Manoel Inácio Brazão, mais conhecido como Pedro Brazão. O grupo é liderado pelo ex-deputado estadual Domingos Brazão, atualmente conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro — ele passou quatro anos afastado do cargo, após ser preso, em 2017, na Operação Quinto do Ouro, um desdobramento da Lava Jato no Rio de Janeiro, sob acusação de recebimento de propina de empresários. 

Durante os tempos de deputado na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, a Alerj, Domingos entrou em disputas sérias com Marcelo Freixo, hoje no PT, e com quem Marielle Franco trabalhou por 10 anos até ser eleita vereadora, em 2016. O líder dos Brazão foi citado, em 2008, no relatório final da CPI das milícias, presidida por Freixo, como um dos políticos liberados para fazer campanha em Rio das Pedras.

Todas as vezes em que falou com jornalistas sobre o caso, Domingos Brazão negou qualquer envolvimento com o atentado que vitimou Marielle Franco e Anderson Gomes. Nós falamos com Márcio Palma, advogado de Brazão, que informou que não teve acesso aos autos que trazem os documentos anexados.  E enfatizou que “não há absolutamente nada que o possa vincular [Domingos Brazão] a essa história”, disse.

Desde a morte de Marielle, o Intercept Brasil já publicou reportagens que mostram as disputas da família Brazão com Marcelo Freixo e também a relação de outros supostos envolvidos de participação no crime com a milícia de Rio das Pedras. 

Vejas as principais:

Chiquinho e Pedro Brazão, dois outros políticos que integram o clã da família. Foto: Reprodução/Facebook

1 – PF pediu acesso às câmeras de políticos do MDB presos por corrupção

Uma das principais linhas de investigação para esclarecer o crime era uma possível vingança de políticos, que faziam parte do MDB, contra a ex-vereadora do Psol e também contra o então deputado estadual do mesmo partido, Marcelo Freixo – hoje presidente da Embratur. 

Em março de 2023, a Polícia Federal pediu as imagens das câmeras de monitoramento dos presídios onde se encontravam esses políticos, presos pela Operação Lava Jato no Rio de Janeiro. O pedido da PF foi feito entre os dias 4 e 14 de março de 2018 – ou seja, dez dias que antecederam o crime até a data que ele efetivamente aconteceu.

E por que isso tem relação com essa linha da investigação de vingança? Porque Marcelo Freixo teve papel fundamental na Operação Cadeia Velha, deflagrada em novembro de 2017, cinco meses antes do assassinato da vereadora. Nomes fortes do MDB no estado foram presos nesta operação da Polícia Federal, a exemplo dos deputados estaduais Paulo Melo e Edson Albertassi e Jorge Picciani – morto em maio de 2021. 

Chiquinho Brazão foi colega de Marielle na Câmara de Vereadores do Rio. Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados
Montagem com a imagem de Marielle ao centro e integrantes da família Brazão.

Montagem com a imagem de Marielle ao centro e integrantes da família Brazão. Ilustração: Intercept Brasil

O caso Marielle

Parte 29

Marielle Franco virou um símbolo internacional após seu assassinato no dia 14 de março de 2018. Com os olhos do mundo no Rio de Janeiro, todos estão perguntando: #QuemMandouMatarMarielle? E por quê?

CONFIRA A SÉRIE COMPLETA 


O MINISTÉRIO PÚBLICO DO RIO DE JANEIRO voltou a analisar documentos e arquivos anexados ao inquérito policial que investiga os possíveis mandantes dos assassinatos de Marielle Franco e Anderson Gomes, ocorridos em março de 2018. Parte do material, ao qual o Intercept Brasil teve acesso, tem relação direta com a milícia de Rio das Pedras, na zona oeste do Rio. Esse grupo é suspeito de ter ligação com a família Brazão e também ao Escritório do Crime, de acordo com as investigações da Polícia Civil e do próprio MP.

A Polícia Federal assumiu as investigações em fevereiro do ano passado, logo após Lula ter sido empossado presidente. Desde então, a PF vem revisitando as milhares de páginas contidas nos autos deste e de outros processos abertos em busca de pistas para elucidar o duplo homicídio. 

Assine nossa newsletter gratuitaConteúdo exclusivo. Direto na sua caixa de entradaAceito receber e-mails e concordo com a Política de Privacidade e os Termos de Uso.

O MPRJ também juntou os novos documentos ao inquérito em agosto do ano passado – procuramos o órgão, que não quis comentar a informação, alegando que o processo está sob sigilo. Antes de deixar o Ministério da Justiça para assumir uma vaga no STF, Flávio Dino disse que o caso Marielle será integralmente resolvido “em breve”. Em outubro, o processo aberto para identificar o mandante saiu da Justiça do Rio e subiu para o Superior Tribunal de Justiça, em função de novas pistas contra Brazão

Alguns dos anexos são resultados de outras investigações, como, por exemplo, a Operação Intocáveis, que investigou a milícia de Rio das Pedras. 

Um dos documentos, por exemplo, mostra uma ligação telefônica entre Marcus Vinicius Reis dos Santos, o Fininho, e o deputado federal Chiquinho Brazão, do União Brasil. Chiquinho era vereador na mesma época em que Marielle foi assassinada. Já Fininho foi preso em 2022 por chefiar as milícias de Rio das Pedras e Muzema. Outros dois nomes aparecem como líderes da quadrilha: Maurício Silva da Costa e o ex-PM Adriano da Nóbrega, morto em 2020 na Bahia. Ambos integravam o Escritório do Crime. 

Chiquinho é um dos irmãos Brazão que domina há anos o cenário político fluminense. Segundo outro anexo juntado aos autos, o ex-vereador, durante sua gestão como presidente da Comissão de Assuntos Urbanos, legislou em causa própria para permitir a regularização e parcelamento do solo em áreas dominadas pela milícia – a informação tem como fonte matéria do jornal O Globo

Além de Chiquinho, o clã é composto também pelo deputado estadual Manoel Inácio Brazão, mais conhecido como Pedro Brazão. O grupo é liderado pelo ex-deputado estadual Domingos Brazão, atualmente conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro — ele passou quatro anos afastado do cargo, após ser preso, em 2017, na Operação Quinto do Ouro, um desdobramento da Lava Jato no Rio de Janeiro, sob acusação de recebimento de propina de empresários. 

Durante os tempos de deputado na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, a Alerj, Domingos entrou em disputas sérias com Marcelo Freixo, hoje no PT, e com quem Marielle Franco trabalhou por 10 anos até ser eleita vereadora, em 2016. O líder dos Brazão foi citado, em 2008, no relatório final da CPI das milícias, presidida por Freixo, como um dos políticos liberados para fazer campanha em Rio das Pedras.

Todas as vezes em que falou com jornalistas sobre o caso, Domingos Brazão negou qualquer envolvimento com o atentado que vitimou Marielle Franco e Anderson Gomes. Nós falamos com Márcio Palma, advogado de Brazão, que informou que não teve acesso aos autos que trazem os documentos anexados.  E enfatizou que “não há absolutamente nada que o possa vincular [Domingos Brazão] a essa história”, disse.

Desde a morte de Marielle, o Intercept Brasil já publicou reportagens que mostram as disputas da família Brazão com Marcelo Freixo e também a relação de outros supostos envolvidos de participação no crime com a milícia de Rio das Pedras. 

Vejas as principais:

Chiquinho e Pedro Brazão, dois outros políticos que integram o clã da família. Foto: Reprodução/Facebook

1 – PF pediu acesso às câmeras de políticos do MDB presos por corrupção

Uma das principais linhas de investigação para esclarecer o crime era uma possível vingança de políticos, que faziam parte do MDB, contra a ex-vereadora do Psol e também contra o então deputado estadual do mesmo partido, Marcelo Freixo – hoje presidente da Embratur. 

Em março de 2023, a Polícia Federal pediu as imagens das câmeras de monitoramento dos presídios onde se encontravam esses políticos, presos pela Operação Lava Jato no Rio de Janeiro. O pedido da PF foi feito entre os dias 4 e 14 de março de 2018 – ou seja, dez dias que antecederam o crime até a data que ele efetivamente aconteceu.


LEIA AQUI: Caso Marielle: PF investiga ligação entre presos da Lava Jato do Rio e execução da vereadora


E por que isso tem relação com essa linha da investigação de vingança? Porque Marcelo Freixo teve papel fundamental na Operação Cadeia Velha, deflagrada em novembro de 2017, cinco meses antes do assassinato da vereadora. Nomes fortes do MDB no estado foram presos nesta operação da Polícia Federal, a exemplo dos deputados estaduais Paulo Melo e Edson Albertassi e Jorge Picciani – morto em maio de 2021. 

Chiquinho Brazão foi colega de Marielle na Câmara de Vereadores do Rio. Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados

2 – Elo entre Brazão e suspeito de envolvimento com o caso

Durante as eleições de 2018, Pedro Brazão mandou uma doação para candidato de outro partido: o delegado aposentado da PF Jomar Duarte Bittencourt, morto em 2020. Ele é pai de Jomarzinho, investigado por vazar informações sobre a operação que levou Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz à prisão, em março de 2019, acusados de cometerem os homicídios contra Marielle e Anderson Gomes. 

O valor é irrisório – apenas R$ 250 –, mas indica um elo entre as famílias, em uma relação importante pelo fato de Domingos Brazão, ex-deputado estadual do Rio, com passagens pelo MDB, figurar entre os possíveis mandantes da morte de Marielle. 

Ainda na campanha de 2018, Jomar Bittencourt esteve muito associado a Pedro Brazão. Eles saíram pelas ruas da Piedade, bairro na zona norte do Rio, onde o ex-delegado presidia o River Futebol Clube. O ex-delegado chegou a usar adesivos dele e de Pedro e divulgar santinhos das duas candidaturas conjuntas nas suas redes sociais. 

Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do RJ, é o líder do clã da família. Foto: Tércio Teixeira

3 – Suspeitos tinham receio que Brazão fosse preso

Jomarzinho avisou sobre a operação do caso Marielle para um sargento da PM, Maurício da Conceição dos Santos Júnior. Jomarzinho informava que no dia seguinte pessoas seriam presas no âmbito da investigação do atentado contra a ex-vereadora. E eles temeram pela prisão de Domingos Brazão.

“Pelo que me falaram vão até prender Brazão e Rivaldo Barbosa”, escreveu Jomarzinho.

“Putz”, respondeu o sargento.

O diálogo mostra que a operação policial foi vazada, e é ainda mais importante porque revela o temor com a possível detenção de Brazão, um político com passagem pelo MDB no Rio.

Além disso, a conversa reforça a hipótese de que o atentado teve motivação política, como destacado pelo ministro Flávio Dino, ao determinar a abertura de um inquérito sobre o caso no começo do ano passado.

Chiquinho (esquerda), Waldir (centro) e Pedro (direita): família Brazão junta em evento político em 2020. Foto: Ernani Matos/Nosso Bairro Jacarepaguá

4 – Mudança de postura de Waldir Brazão com viúva de Marielle

Um novo ponto que relaciona a família Brazão à morte de Marielle Franco é a mudança de comportamento de Waldir Brazão. Ele só carrega o sobrenome do clã para uso político. Não tem nenhuma relação de parentesco com a família Brazão, mas é homem de confiança do grupo.

Em 2020, ele foi eleito vereador pelo Avante, e recebeu doações de Pedro Brazão no valor de R$ 270 mil. Antes de assumir o cargo na Câmara, Waldir era chefe de gabinete do deputado estadual.

Ao longo dos três anos iniciais do mandato, Waldir nunca entrou em conflito com a vereadora Monica Benicio, do Psol, viúva de Marielle. Pelo contrário, ele chegou a defender no plenário o projeto de lei para aprovar a fixação de cartazes em serviços públicos sobre os direitos das mulheres em casos de violência sexual. Um dos informes previsto no projeto era sobre o direito ao aborto, sem a necessidade de registro de ocorrência, o que causou uma grande discussão no plenário. Waldir defendeu o PL com afinco, saudou o público com “boa tarde a todos, todas e todes” e afirmou que “não sou do Psol, mas poderia ser”.

Mas com o prosseguimento das investigações e o foco, mais uma vez, voltado para a família Brazão, Waldir mudou de postura. Em uma das últimas sessões deste ano, quando os vereadores votaram pela aprovação das contas prestadas pelo ex-prefeito Marcelo Crivella, Monica declarou voto contrário, mencionou a decepção com o atual prefeito Eduardo Paes e citou Chiquinho Brazão. “Eduardo Paes nomeou ninguém menos que Chiquinho Brazão como seu secretário, o que me causa náuseas só em ter que relatar isso, na mesma semana em que  veio a público a notícia de que a PF está investigando a família Brazão pelo assassinato de minha esposa, Marielle Franco”, falou.

Waldir não estava no plenário, mas voltou para defender o aliado. Acusou a vereadora do Psol de não ter pauta, apenas falar sobre o assassinato de Marielle, e de disseminar o ódio. Jurou também não mais se calar. “O Freixo prendeu um monte de gente naquela CPI e a gente passou batido. (…) Ela [Monica Benicio] não sabe de nada, mas é mais fácil acusar o Brazão. Então toda vez que ela fizer isso, eu vou responder e vai ser num grau maior, porque ela não sabe de nada, ninguém tem prova de nada. E se foi ódio, não foi a gente”, disse.

ULTRAJANTE! A repórter Schirlei Alves foi condenada a um ano de prisão aberta e multa de R$ 400 mil por ter revelado no Intercept Brasil a revitimização de Mari Ferrer por autoridades judiciais em seu processo de estupro.

A reportagem levou a uma lei nacional, à censura do juiz e desencadeou um debate nacional que os membros do judiciário não querem ter. Esse é o impacto de nosso trabalho.

Agora eles querem nos silenciar. Nos ajude a resistir e a cobrir os custos legais de Schirlei e de todos os nossos jornalistas.

Fonte: Intercept

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