Orçamento do Estado do Rio para 2024 não prevê reajuste e nem recomposição para o funcionalismo
Itaperuna 03 de dezembro de 2023
Maior empecilho é o Regime de Recuperação Fiscal
O Governo do Estado do Rio de Janeiro não prevê concessão de reajuste ou mesmo o pagamento das parcelas de recomposição determinadas aos servidores no próximo ano. Dentro do Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) – o qual aponta as previsões de arrecadações e gastos da administração pública – enviado à Casa Legislativa do Rio, não há menções a incrementos salariais do funcionalismo carioca.
Junto a isso, nas mais de 1.300 emendas do PLOA, também não há pedidos para que o reajuste seja incluído no orçamento. A ausência de indicações não significa falta de ação dos deputados. O entendimento da maioria dos parlamentares é o de que o rombo previsto de R$ 8,5 bilhões Regime de Recuperação Fiscal do Rio de Janeiro engessa negociações com o governo, que também, segundo os políticos, não busca saídas para contemplar a causa dos servidores.
Vale lembrar que, até o momento, o Executivo não pagou a segunda parcela da recomposição salarial, prevista em 6,5%, referente às perdas inflacionárias acumuladas entre 2017 e 2021 – foi dividida em três anos. Ao mesmo tempo, o Judiciário e Legislativo, que concederam o pagamento, foram questionados pelo Conselho de Supervisão do Regime de Recuperação Fiscal (CSRRF), por, sob primeiro olhar, ferir as regras do regime. De acordo o governador Cláudio Castro (PL), em reunião com deputados federais do Rio de Janeiro, o regime no qual o estado está prevê que só podem ser concedidos reajustes quando os cofres do Rio arrecadarem acima da inflação.
Ou seja, com um rombo bilionário e apertando os cintos para fechar o ano de 2023 no azul, a concessão de reajustes por hora, está longe de ser cogitada pelo Executivo.
Possível saída é virada na arrecadação nos próximos anos
O Fórum Permanente de Servidores Públicos do Estado do Rio de Janeiro (Fosperj), em posicionamento, aponta falta de diálogo para encontrar uma solução à falta de recomposição e reajuste dos servidores. Ao mesmo tempo, aponta que a lei do Regime de Recuperação Fiscal não veda a concessão de incrementos salariais ao funcionalismo.
São onze meses de tentativas de diálogo; todas sem qualquer manifestação do Executivo”, destaca a nota.
Líderes da Comissão de Servidores Públicos na Alerj avaliam atual cenário
Segundo a deputada estadual Martha Rocha (PDT), presidente da Comissão de Servidor Públicos da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), o governo deveria rever os incentivos fiscais dados, para investir melhor na estrutura do funcionalismo público.
– No orçamento, há mais de R$ 20 bilhões em incentivos fiscais às empresas. Enquanto isso, não há nada previsto aos servidores, que são os responsáveis pela máquina pública.
parlamentar destaca que, quando a lei que concede recomposição aos servidores foi aprovada, o Estado já estava em Regime de Recuperação Fiscal.
Vice-presidente da Comissão, Luiz Paulo (PSD) alerta que a situação econômica do estado é delicada e que será preciso um esforço conjunto para reaver a saúde das finanças estatais.
– Se essa tragédia continuar, o que está arriscado é não ter dinheiro para pagar nada no último trimestre do próximo ano.
O deputado tenta rever na Alerj a redução da alíquota modal do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços determinada por leis federais.
A ideia é reduzir o déficit previsto para 2024 e gerar uma virada na economia, para que servidores obtenham recomposições e reajustes.
Governo aguarda aumento na arrecadação
Em nota, o Governo do Estado do Rio de Janeiro afirmou que “segue trabalhando para garantir políticas de valorização do funcionalismo público, sempre com respeito ao Regime de Recuperação Fiscal” e que está empenhado em aumentar a arrecadação, com previsão de perda só em 2023 de R$10 bilhões por conta da Lei Complementar federal 194, para anunciar uma nova recomposição dos salários ao funcionalismo.
Cabe destacar que desde 2014 não havia sido concedido nenhum reajuste, e a atual gestão pagou a primeira parcela da recomposição salarial de 13,05%, em janeiro de 2022, para servidores ativos, aposentados e pensionistas, além de 5,9% de correção salarial, em janeiro de 2023”, destaca o posicionamento oficial.
Íntegra do posicionamento do Fosperj
Em nota, o Fosperj comunicou o seguinte:
“Desde o início de seu mandato, o governador do estado do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, não abriu diálogo com as associações e sindicatos que representam as categorias de servidores do Poder Executivo, para tratar do pagamento da segunda parcela da recomposição salarial relativa ao período de setembro/17 a dezembro/21.
Surpreendentemente, apenas em julho, o governador se pronunciou sobre o assunto, mas suas justificativas não se revelaram adequadas, pois os Poderes Legislativo e Judiciário cumpriram o compromisso previsto na Lei Estadual nº 9.436/2021, sem qualquer prejuízo ao Regime de Recuperação Fiscal, passados mais de onze meses da 2° parcela da recomposição salarial assegurada aos servidores do TJRJ, ALERJ, TCE, DPGE, MPERJ, e PGE.
Cumpre lembrar que já são onze meses de tentativas de diálogo por parte dos coordenadores do Fosperj e demais segmentos organizados de servidores públicos, desde o primeiro ofício encaminhado à Casa Civil. Todas as tentativas sem qualquer manifestação do governo. Já explicitamos que Cláudio Castro equivocou-se ao abordar o tema da segunda parcela da recomposição, quando disse: “muito se fala e pouco se lê” e ao citar o art. 3º da Lei Estadual nº 9.436/2021 para dizer que o estado do Rio só poderia pagar a referida parcela caso a receita de 2022 fosse superior à inflação. E ainda tentou se justificar diante das perdas de arrecadação com o ICMS imposta pelas Leis Complementares 192 e 194, de 2022, ambas aprovadas pelo Congresso Nacional, sem falar que aderiu a essa renúncia de receitas, durante a campanha eleitoral.
Fonte: Jornal Extra