Justiça manda afastar deputada Lucinha por suposta ligação com milícia; parlamentar é alvo de operação da PF e do MP
Itaperuna 18 de dezembro de 2023
Agentes cumprem mandados de busca e apreensão na Zona Oeste do Rio e no gabinete da parlamentar, na Alerj
A Polícia Federal e o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro deflagraram, nesta segunda-feira, a operação Batismo. A ação tem o objetivo de apurar a participação e a articulação política desempenhada pela deputada Lucinha (PSD), que agiria em conjunto com uma assessora para beneficiar uma milícia privada, com atuação na Zona Oeste do Rio. A Justiça determinou o afastamento imediato da parlamentar das funções legislativas, proibição de manter contatos com determinados agentes públicos e políticos, bem como proibição de frequentar a casa legislativa.
Segundo a investigação, Lucinha é apontada como o braço político do miliciano Luis Antônio da Silva Braga, o Zinho, considerado o chefe da maior milícia do Rio. As investigações do MP conseguiram evidências do envolvimento da parlamentar com Zinho, um dos criminosos mais procurados do estado. A quadrilha de Zinho atua em bairros da Zona Oeste, como Campo Grande e Santa Cruz.
A investigação sobre Lucinha e sua assessora, Ariane Lima, é conduzida pela Procuradoria Geral de Justiça (PGJ). O procedimento foi encaminhado à PGJ pelo Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do MP, depois que diálogos de integrantes da quadrilha que mencionavam a política foram interceptados. Como deputados estaduais têm direito a foro especial, o caso tramita no Órgão Especial do TJRJ.
A operação desta segunda-feira foi realizada por determinação do desembargador Benedicto Abicair com o objetivo de coletar provas. O magistrado determinou busca e apreensão nos endereços da deputada e de Ariane Lima, e também determinou o afastamento da deputada de suas funções até o final da investigação, que ainda está em andamento. Caso os laços da deputado com o grupo sejam comprovados, ela será denunciada ao Órgão Especial.
Desdobramento
A ação desta segunda-feira é um desdobramento da operação Dinastia, deflagrada pela PF em agosto de 2022 com o objetivo de desarticular organização criminosa formada por milicianos com atuação na Zona Oeste.
Cerca de 40 policiais federais cumprem oito mandados de busca e apreensão expedidos pelo Tribunal de Justiça do Estado do Rio. Os agentes se encontram nos bairros de Campo de Grande, Santa Cruz e Inhoaíba, todos na Zona Oeste. Há equipes também no gabinete de Lucinha na Assembleia Legislativa (Alerj), no Centro do Rio.
Para os mandados de busca e apreensão, foram utilizados cinco carros da PF e cinco carros do MP. Quatro veículos foram para a Alerj.
De acordo com a PF, as investigações apontam a participação ativa da deputada e de sua assessora na organização criminosa, especialmente na articulação política junto aos órgãos públicos visando a atender os interesses do grupo miliciano, investigado por organização criminosa, tráfico de armas de fogo e munição, homicídios, extorsão e corrupção.
O trabalho foi desenvolvido pelo Grupo de Investigações Sensíveis da PF (Gise/RJ) e pela Delegacia de Repressão a Drogas (DRE/PF/RJ) em conjunto com MP, por meio da Procuradoria Geral de Justiça (PGJ)
Fonte: O globo