Saiba quem é o dono do avião que levou Lula para o Egito
Itaperuna 16 de novembro de 2022
José Seripieri Filho, conhecido como Júnior, foi preso por 3 dias em julho de 2020, fez acordo de delação e confessou crime eleitoral de caixa 2.
José Seripieri Filho, 54 anos, deu carona em seu avião Gulfstream G600 ao presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) numa viagem para o Egito. Empresário que atua no ramo da corretagem de planos de saúde, Seripieri ficou conhecido durante muitos anos como “Júnior da Qualicorp”, empresa da qual não faz mais parte do quadro societário há vários anos.
Os novos donos da Qualicorp (Rede D’Or e as gestoras Pátria e Opportunity) ficam sempre incomodados pelo apelido que ficou com o antigo proprietário. O fato é que Júnior segue sempre sendo chamado de “Júnior da Qualicorp”.
É que a Qualicorp foi uma ideia muito bem-sucedida de Júnior. A empresa é de 1997. Ele conseguiu durante governos petistas aprovar normas que tornaram mais flexíveis a venda de planos coletivos de saúde para associados de sindicatos e associações de trabalhadores. Fez fortuna e se tornou amigo de Lula e de outros políticos.
No escritório de Júnior houve durante muito tempo numa das paredes uma fotografia do petista em pose presidencial. Quando Lula caiu em desgraça e foi preso pela operação Lava Jato, o retrato desapareceu, como notaram alguns amigos do empresário. Flexível, Júnior agora reabilitou o antigo aliado e o levou de carona para o Egito, para a cidade de Sharm El Sheikh, onde se realiza a COP27, a 27ª conferência do clima da Organização das Nações Unidas.
A relação com Lula começou durante o período em que o petista foi presidente. Uma casa de veraneio de Júnior em Angra dos Reis passou a ser frequentada pelo petista, que participou de festas de fim de ano no local. Quando o agora presidente eleito casou-se com a socióloga Rosângela da Silva, a Janja, em 18 de maio de 2022, o empresário foi um dos 200 convidados.
Júnior é ecumênico em suas amizades no meio político. Em 2014, colaborou de maneira não declarada com o tucano José Serra –hoje senador em fim de mandato pelo PSDB de São Paulo. Por conta dessa operação, a Polícia Federal chegou a afirmar em 2020 que o empresário e o tucano estavam no “topo da cadeia criminosa” de caixa 2.
A afirmação da PF foi feita pelo delegado Milton Fornazari Júnior quando foram dadas explicações sobre a prisão temporária de Júnior na manhã de 21 de julho de 2020, por causa da operação Paralelo 23. Na mesma data, o gabinete de José Serra no Senado foi alvo de mandado de busca, mas o cumprimento da ação foi impedido por decisão do STF (Supremo Tribunal Federal).
A operação Paralelo 23 era uma referência à localização geográfica em que se encontra a cidade de São Paulo, local em que os crimes teriam sido cometidos. A investigação teve origem em informações do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), provas documentais e em delações premiadas de pessoas contratadas para efetuar as operações suspeitas.
Os indícios indicavam ter havido um pagamento total de R$ 5 milhões, valor que havia sido dividido em duas parcelas de R$ 1 milhão e uma de R$ 3 milhões –dinheiro de Júnior e que teria sido entregue a Serra.
No dia em que Júnior foi preso, a PF cumpriu 4 mandados de prisão temporária e 14 de busca e apreensão em São Paulo, Brasília, Itatiba e Itu. Serra sempre negou ter cometido qualquer irregularidade. O caso não foi concluído até hoje. A prisão de Júnior durou apenas 3 dias –21, 22 e 23 de julho de 2022. Em 24 de julho, a Justiça Eleitoral de São Paulo ordenou a sua liberação. Solto, o empresário acabou fazendo acordo de delação premiada com o Ministério Público. O acerto com Procuradoria Geral da República foi homologado no final de 2020 pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Luís Roberto.
No papel de delator colaborador, Júnior aceitou pagar R$ 200 milhões para ressarcir os cofres públicos. Como se trata de processo que corre em sigilo de Justiça, não são conhecidos os detalhes da delação do empresário ao MP.
Fonte: Poder 360