Eleição deixa racha no diretório do Rio do União Brasil e enfraquece Marcio Canella na disputa por presidência da Alerj
Itaperuna 10 de novembro de 2022
Briga com o ex-aliado Waguinho, que saiu do pleito fortalecido após aliança com o ex-presidente Lula (PT), deve atrapalhar intenção do deputado estadual
Dono da segunda maior bancada na Assembleia Legislativa do Estado do Rio (Alerj), o União Brasil saiu rachado do segundo turno das eleições com a briga entre Waguinho, que é presidente do diretório fluminense da legenda, e o seu ex-aliado, e agora desafeto, Marcio Canella, que foi o deputado estadual mais votado no Rio de Janeiro. Com o prefeito de Belford Roxo fortalecido após a eleição de Lula, a briga deve atrapalhar a intenção de Canella de ser eleito presidente da Alerj na próxima legislatura.
Aliados desde 2016 na política da Baixada Fluminense, Waguinho e Canella realizavam agendas sempre em conjunto, fosse em Belford Roxo ou em alguma ação dos governos de Wilson Witzel e, posteriormente, Claudio Castro. Chegavam a se apresentar como irmãos, tamanha a relação de amizade.
A disputa entre ambos começou com a indicação do novo vice na chapa de reeleição de Castro, após Washington Reis ter sua candidatura impugnada. Canella demonstrou força ao ajudar na aprovação de Thiago Pampolha, enquanto Waguinho não gostou de ter sido excluído nas negociações, o que levou a uma primeira divisão da sigla no estado.
Posteriormente, o partido foi procurado para apoiar Bolsonaro no segundo turno e mais uma vez Canella tomou à frente, declarando apoio ao presidente. Nisso entrou em cena o deputado estadual André Ceciliano (PT), que aproveitou a briga e convenceu Waguinho a declarar apoio a Lula.https://fb01264f18be597192ae5a731486e4c3.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-39/html/container.html?n=0
— Optamos por apoiar o Presidente Lula, tendo em vista o que foi feito por ele na cidade em seus dois mandatos. Ir contra esta realidade, apoiando o candidato adversário que pouco contribuiu com os belforroxenses é no mínimo contraditório — disse Waguinho, na ocasião.
Vitorioso com a vitória petista, ele não poupou críticas ao agora desafeto, o chamando de ingrato e atribuindo a expressiva votação de Canella ao seu apoio.
— O maior erro da pessoa ingrata é se afastar de quem sempre se importou e fez tudo. Não fui eu que me afastei do deputado. Em um pleito eleitoral, cada um faz a sua escolha. Isto é normal. Vivemos numa democracia e lutamos por ela. Estas eleições foram tensas, os ânimos se alteraram, afinal, queríamos defender o que acreditamos ser o melhor para o nosso país. Vale lembrar que, desde que iniciamos a nossa parceria, em 2016, a votação do deputado Márcio Canella cresceu de forma expressiva, tanto que ele foi eleito agora com mais de 181 mil votos — completou Waguinho.
Canella por sua vez, mantém silêncio sobre a briga com o antigo aliado. A Interlocutores, ele tem dito não entender a briga com Waguinho e diz que as ofensas partiram do prefeito, cabendo a ele responder sobre o desentendimento entre ambos. No Twitter, ele disse estar totalmente focado na disputa pela Presidência da Alerj e conversando com possíveis aliados.
O Globo