“Droga virtual” vira mania entre jovens; Veja
Itaperuna 01 de abril de 2022
Circula no TikTok o vídeo de um jovem apresentando um “droga virtual” conhecida como I-Doser, que tem se popularizado entre os jovens e preocupado os pais. Trata-se de vídeos de neuromúsicas com ondas binaurais. Essas ondas ativam áreas do cérebro e supostamente produzem a mesma sensação de drogas como cocaína e maconha.
– Hoje eu vou ensinar para vocês como ficar “locão” sem droga e sem nada entorpecente, totalmente legalizado. Você só vai precisar de duas coisas: internet e YouTube – afirma o influenciador Johnathan Bastos.
Em paralelo ao vídeo do influencer, viralizou também o discurso de uma palestrante fazendo alertas sobre a novidade, afirmando que o I-Doser pode ser perigoso para quem ouvir. Segundo ela, “a pessoa fica totalmente drogada”, e a técnica pode produzir “dependência”.
– Você está na sua casa e seu filho está no quarto com um fone de ouvido e você fala “graças a Deus que ele está no quarto, ouvindo música”. Ele está se drogando, e você não sabe – afirma a palestrante, que alerta sobre sites que comercializam as músicas e lucram sobre a suposta dependência que estas poderiam causar.
Segundo o programa de computador I-Doser, as experiências sonoras estimulam o humor e as sensações por meio de canções com ondas binaurais. O método, que só funciona por meio de fones de ouvido, utiliza dois sons com frequências distintas. Em resposta, o cérebro do ouvinte produz um terceiro sinal, que provoca a sensação psicodélica.
NEUROLOGISTAS
A técnica foi criada há 170 anos pelo físico alemão Heinrich W. Dove, e as versões recentes dela intrigam pesquisadores. Estudos acadêmicos têm apresentado resultados inconclusivos sobre os efeitos causados e os possíveis danos que os sons binaurais podem desencadear a médio e longo prazo.
– É possível que tais ruídos vendidos como drogas digitais possam provocar sensações semelhantes às de drogas reais, como cocaína, maconha e heroína, mas são necessários mais estudos científicos para comprovar os efeitos do I-Doser e até mesmo demonstrar se esses sons não provocam danos a médio e longo prazo nas pessoas. Temos que ter muita cautela – afirmou o neurologista Tárcio Carvalho ao Conselho Regional de Medicina do Estado de Pernambuco.
Já na avaliação do neurologista do Hospital Brasília/Dasa, Thiago Taya, o efeito das ondas sonoras não afetaria as redes cerebrais de forma significativa, e por isso, não teriam resultado comparável aos das drogas. Ele também considera “improvável” que os sons consigam gerar dependência.
– Os sons binaurais emitidos pelo I-Doser geram uma sensação paradoxal, muitas vezes despertando empatia e aversão, e podem ser interpretadas como surreais. Se o paciente for sugestionado, pode achar que eles simulam o efeito do uso de drogas ilícitas. Mas a droga em si provoca um efeito químico cerebral muito mais impactante no funcionamento do nosso cérebro – avaliou, em entrevista ao portal Metrópoles.
EXPERIÊNCIAS DE INTERNAUTAS
Os vídeos com músicas binaurais têm se popularizado no YouTube. No espaço para comentários, internautas que experimentaram o I-Doser compartilharam suas experiências.
– Fechei os olhos e fui deixando ir. Me senti caindo e depois flutuando, entre outras. Logo quando eu “acordei” tudo estava meio que rodando. Isso era um pouco assustador, mas estava muito bom. Tive sensação de prazer no meio de tudo isso – disse uma usuária do YouTube.
– Minha cabeça ficou um pouco tonta com as vibrações do áudio no começo. No meio, eu acho que a coloração do meu quarto ficou diferente. É como se ficasse claro e de repente escuro de novo, mas estava um pouquinho embaçado (as luzes estão apagadas). Durante todo o áudio me senti bem relaxada – escreveu outro internauta.
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