“Do Vírus ao Pixel” – Como um Estúdio Independente de Games brasileiro decidiu conscientizar por meio da diversão
O fato de que o mercado de jogos eletrônicos vem crescendo de maneira desenfreada e absolutamente legítima já não é mais algo que nos arregala os olhos. Isso apenas nos deixa sob questionamento: “como assim mercado de games?”. Isso se dá muito pelo avanço das “carreiras online” que surgiram nos últimos anos e abriram espaço para pessoas, grupos e empresas “independentes” – ou seja, sem muitos recursos, maquinário e/ou equipes disponíveis -, no setor criativo, setor midiático (de influência), e, como colocado em pauta nesta matéria: no setor tecnológico.
O procedural avanço tecnológico mundial que tornou livre e possível a participação de qualquer pessoa com uma rede wi-fi no cenário de desenvolvimento tem sido muito bem utilizado por diversas pessoas e, até mesmo pequenas empresas, que decidem investir um pouco de seu tempo e esforço em prol de projetos pensados inimagináveis nos tempos retrógrados e sem o tanto da liberdade criativa e executiva que podemos dispor hoje no setor. Esse é o caso de diversos indivíduos que, com apenas uma pauta e uma câmera, se tornaram grandes Youtubers. É o caso de pessoas físicas que, com algumas fotos e boas hashtags se tornaram grandes influenciadores digitais, com milhares de seguidores e uma extensa rede de geração de empregos. E, também é o caso de pequenos grupos de pessoas (às vezes uma, ou até mesmo duas), que se viram dentro da possibilidade de juntar seus computadores, saberes e criatividade para criar, desde pequenos jogos para smartphones, até grandes franquias do ramo de jogos para computadores e consoles.
“Ah, mas é necessário uma equipe… na verdade, diversas equipes de diversos setores para conseguir concluir um projeto de um jogo. Além de uma rede de distribuição para garantir que consigam acessá-lo!”
A resposta é: não! Quer saber porque?
“Hoje em dia não existem mais limites para a criação. Basta uma necessidade de criar e uma ideia consistente para executar”. – disse Gabriel, ao Blog Flávia Pires.
Gabriel Paixão é o co-fundador, diretor executivo e programador da Blind-Bird Studios, o novo estúdio carioca e independente que está desenvolvendo ScapeVírus, uma ideia que surgiu num sábado à noite, após o noticiário emitir em alto e bom som que era necessário a população se cuidar e os governantes se empenharem em conseguir as vacinas contra o vírus da Covid-19.
“Mas como começou? Você simplesmente sentou e começou a desenvolver?” – pergunta Flávia.
“Na verdade eu estava em casa, tomando uma cerveja, quando a ideia surgiu. Nessa hora eu olhei pro nada, pensei por uns segundos e fui direto pro quartinho que chamo de escritório. Foi nessa noite que desenvolvi, com ajuda de muita leitura e fóruns de programação, a mecânica base do jogo.” – respondeu Gabriel.
“Tá, e daí em diante?”
“Depois do breve “protótipo” da ideia, eu fui direto falar com meu irmão João, que é sócio da BBS e o nosso designer. Sem ele eu não andaria pra lugar nenhum, a não ser que quisesse criar uma nova versão de ”Tetris” ou um “Jogo da Velha” maneiro! Daí em diante começamos a desenvolver a nossa maluquice.
ScapeVírus é um HyperCasual Game (termo da indústria que significa “jogo de partida rápida”) onde o jogador controla, por meio de vetores de força e clicks na tela, o personagem que está em busca das maletas de vacina que estão dispostas pela tela do jogo. Além das maletas, o jogador também pode recolher maços de dinheiro e, inclusive, ter a sorte de esbarrar com alguma caixa misteriosa (caixas no maior estilo Amazon Parcels) que pode te surpreender com algum prêmio pertinente ou, até mesmo, com um buff extra. Os buffs são como “habilidades” que o personagem pode usar nas sessões de jogo. Entre elas temos:
o Álcool em Gel: deixa o personagem em câmera lenta por alguns segundos, o que facilita nos movimentos.
a Máscara de Chernobyl: dá invulnerabilidade ao personagem por alguns segundos, os vírus não podem infectá-lo.
o Sabão: extermina todos os vírus que estão na tela, deixando o caminho livre para o personagem recolher os itens.
o Imã: ele simplesmente atrai todos os maços de dinheiro que estão ao seu alcance.
O jogo também conta com as “missões” base que são inteiramente dedicadas ao envio de recursos (dinheiro e vacinas) aos países. Sim, os rapazes colocaram todos os países do mundo no game. A matemática teve que sobressair e, numa escala reduzida, os desenvolvedores fizeram com que cada país tivesse uma necessidade de recursos diferente e própria de acordo com sua população. Um trabalhão.
O jogo ScapeVírus, da Blind-Bird Studios, estará disponível gratuitamente na GooglePlay, no início do próximo mês, para smartphones que usam o Sistema Operacional Android e, também gratuitamente, na Apple App Store, até o final do mês de setembro.