Alerj inaugura novo plenário em ato marcado pela coesão das instituições do Estado em defesa do Rio
Itaperuna 03 de agosto de 2021
Após ocupar por 61 anos o majestoso Palácio Tiradentes, na Praça XV, cenário de relevantes passagens da história política nacional, a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro inaugurou, nesta terça-feira, o plenário de suas novas instalações, no Edifício Lúcio Costa, antiga sede do extinto Banerj, encravado no trilátero demarcado pelas ruas Nilo Peçanha, México e Ajuda – miolo do Centro.
Foi uma festa marcada pelo ecumenismo, pelo caráter suprapartidário, pela força institucional dos representantes de todas as linhas de poder do estado. Um ato em que todos se mostraram irmanados em defesa do Rio. As divergências, vaidades e ambições pessoais cessaram por algumas horas para dar lugar ao entendimento – tão necessário para retirar o Rio das dificuldades da crise econômica que nos levou ao draconiano Regime de Recuperação Fiscal, de exigências quase incumpríveis.
Anfitrião, o presidente André Ceciliano fez as honras da casa para um seleto grupo de convidados, entre os quais o governador Cláudio Castro; o presidente do Tribunal de Justiça; desembargador Henrique Figueira; o prefeito Eduardo Paes; o Procurador-Geral de Justiça, Luciano Mattos; e o prefeito Washington Reis, o presidente da Câmara do Rio, Carlo Caiado e o presidente do TCE, Rodrigo Nascimento.
Ao discursar, o presidente logo se referiu aos desafios do novo Regime de Recuperação. Naquele plenário, meses à frente, estarão sendo votadas as proposições para o cumprimento do cardápio de exigências do Ministério da Economia.
– O acordo certamente não é bom; é ruim para todos. Faz exigências muito difíceis. Esta é uma casa plural, de debate, de enfrentamentos, de desafios. Através do diálogo, vamos tentar fazê-lo menos pior – pontuou, numa sinalização das dificuldades que se avizinham em função da necessidade de aprovação de mudanças que, por exemplo, podem reduzir direitos dos servidores públicos.
O governador Cláudio Castro, ao usar a palavra, concordou:
“Teremos seis meses desafiadores à frente. Esse regime não será bom pra ninguém. Por isso, temos que debater muito para que esse acordo nos sirva e possamos tirar dele o melhor para o nosso estado e para a nossa população”.
Castro lembrou também que fez na Alerj o seu aprendizado político. Foram nos embates do parlamento, onde atuou anos como chefe de gabinete, que exercitou os fundamentos do convencimento político.
“Eu tive a alegria de aprender nessa casa o que é ser político, a dialogar, a falar, a concordar, a discordar. Esse aprendizado, eu com certeza tenho utilizado na condução do governo do Estado. É uma alegria muito grande, ser hoje um governador que veio do Legislativo”,
Se antes a relação entre os poderes era marcada pela desconfiança ou até mesmo pelo litígio, a cerimônia desta terça-feira mostrou que o clima é diferente. Em favor do Rio, prevalece o entendimento, registrado no discurso do prefeito Eduardo Paes.
“Talvez a Alerj tenha sido, nesses últimos anos, o poder que mais tenha sido mais colocado à prova em todo o país. Tenho certeza que temos um ambiente diferente dos últimos anos e quero saudar o desempenho do presidente André Ceciliano, que eu tenho certeza que vai fazer com que esse Parlamento tenha de novo papel de protagonista na recuperação econômica do estado”, afirmou
Eduardo Paes propôs a demolição do prédio anexo ao Palácio Tiradentes, onde estavam instalados os gabinetes parlamentares. Disse que pagaria a implosão para garantir a vista da Baía de Guanabara a partir do Palácio.
A proposição esbarra numa resolução da Alerj, que aprovou projeto do deputado Rosenverg Reis, para a transformação do local num hospital dedicado a tratamentos oftalmológicos, nos moldes do Hospital do Olho de Duque de Caxias.
O prédio da nova Alerj foi adquirido em 2015, sob a presidência do deputado Jorge Picciani, que morreu em maio deste ano e será homenageado com um placa no plenário.
O novo plenário é 27% maior que o antigo, com 185 lugares para receber deputados e assessores. Já a galeria no primeiro andar poderá comportar até 120 pessoas. O painel eletrônico das votações tem alta resolução (7K) com 14 metros e 504 placas de LED. Segundo a Assembleia, ele vai dar maior agilidade e transparência às sessões legislativas. O novo endereço na Rua da Ajuda reúne gabinetes e departamentos administrativos distribuídos pelos 34 andares do edifício, com a unificação em um só lugar das três antigas unidades da Assembleia.