Especialistas explicam por que o Brasil errou ao deixar crianças e jovens longe das salas de aula

Itaperuna 22 de julho de 2021

Depois de quase um ano e meio de escolas fechadas por causa da pandemia de Covid, 22 estados decidem retomar as aulas presenciais.

O Brasil tem estudantes que há quase um ano e meio não entram numa sala de aula. Um levantamento concluiu que oito de cada dez escolas municipais do país ainda não retomaram as aulas presenciais.

Assim que os portões foram fechados por causa da Covid, abriu-se a discussão de como não deixar que crianças e adolescentes ficassem longe das escolas. Quase um ano e meio depois do início da pandemia, os estudiosos da educação avaliam que já passou da hora de os alunos voltarem para sala de aula.

“O Brasil errou por ter ficado tanto tempo com escolas fechadas. O comércio reabriu, muitos setores reabriram e a educação, as escolas públicas, não reabriram”, diz Priscila Cruz, presidente-executiva do movimento Todos pela Educação.

Priscila Cruz, do movimento Todos pela Educação, lembra que o Brasil é um dos recordistas em período de escolas fechadas. A média mundial é de pouco mais de 5 meses. Na América Latina, 10 meses. E no Brasil, 13 meses – mais de um ano.

O prejuízo não é só para o aprendizado e o impacto é mais cruel para as famílias mais pobres. Uma pesquisa encomendada pelo Unicef mostra que 48% dos pais entrevistados contaram que os filhos não tiveram acesso à merenda escolar e, sem ela, 13% revelaram que crianças e adolescentes deixaram de comer por falta de dinheiro para comprar alimentos.

Mais da metade dos pais disseram que algum adolescente da casa apresentou um ou mais sintomas relacionados à saúde mental, como insônia e preocupações exageradas com o futuro.

“Isso acaba prejudicando a aprendizagem, mas vai além da aprendizagem. A gente está falando aqui de um prejuízo que essa criança pode carregar para o resto de sua vida. Por isso que é muito importante, nesse momento, a gente ter uma clareza muito grande, no país, que é preciso sim reabrir a escola, é preciso sim que essa criança fique mais tempo agora na escola, para poder recuperar esse prejuízo todo”, afirma Priscila Cruz.

No fim do primeiro semestre de 2021, apenas dois em cada dez estudantes brasileiros assistiam aula na escola, e as desigualdades sociais ficaram ainda mais evidentes. Enquanto 40% dos filhos das famílias com renda mais alta podem ter acesso a aulas presenciais, nas famílias de baixa renda, são apenas 16%.

O Jornal Nacional fez um levantamento sobre a situação, hoje, nas redes estaduais. Em dez estados, as aulas são presenciais ou híbridas: o aluno pode frequentar parte das aulas online e parte presencial. Em outros onze estados mais o Distrito Federal, as aulas presenciais só vão começar no segundo semestre – até o dia 17 de agosto. Nos outros cinco estados do país, por enquanto, a volta às aulas presencias é só um projeto, não há data definida.

“O dado que nós temos mais recente, que nós trabalhamos, é de que a gente tem aproximadamente 85% das escolas funcionando de forma remota, dos alunos atendidos de forma remota; 15% com atividades híbridas e em torno de 1% apenas de atividades presenciais, exclusivamente presenciais”, diz Luiz Miguel Martins Garcia, presidente da União dos Dirigentes Municipais de Educação.

O ensino remoto, à distância, foi uma tentativa de manter o mínimo do aprendizado. Mas no Brasil, com a falta de recursos adequados na rede pública – como acesso a computadores e internet de boa qualidade – a experiência foi sofrível.

Fonte : G1

Até a Globo já está assumindo.

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