Terceirizar educação dos filhos

Itaperuna 09 de março de 2021


Houve um tempo em que cuidar dos filhos era uma atividade socialmente mais desempenhada pela mulher. Ela ficava em casa, ensinava o filho a ler e escrever, cuidava dos afazeres domésticos, e por aí vai.
Mas vai longe o tempo que é possível fazer isso. Com a entrada da mulher no mundo corporativo, começou a ser natural e frequente que os filhos ficassem cada vez mais com a babá, a faxineira, os serviçais, ou, no caso da mulher mais simples, ficavam com um parente. Por fim, os filhos ficavam a maior parte do tempo nas creches ou centros especializados em cuidar deles.
Com o tempo, cuidar dos filhos passou a ser um emaranhado de atividades e agendas. A criança sai daqui vai pra lá, tem natação, tem escolinha de futebol, quando não vai para a casa dos amiguinhos – fica aquela bola de pingue pongue.
A criança chega num ponto que já não sabe a quem pertence, de tantas pessoas que cuidam dela. Pior, ela divide a atenção, e acaba dando mais ouvidos a um grupo terceirizado aos próprios pais.
Mas e quando a pessoa não tem opção? Esse é o real foco de hoje. Você pode gerar opções criativas para que seu filho não viva essa terceirização danosa, e sim tenha a assistência que você quer, e que é necessária, mas saiba que o foco da atenção como educador é seu.
A criança cuja educação é esfacelada, ou terceirizada, como está em voga dizer, pode ter crises de referência. Ela ouve uma pessoa dizer uma coisa e daqui a pouco ouve outra pessoa dizer outra totalmente diferente. E aí? E aí que você é que tem o papel de educador, então você pega essas duas opiniões e transforma numa conversa, seja à mesa, seja um momento entre você e seu filho ou filha. Mas você alinha essa cabeça, não deixa um nó de informações desencontradas.
Então a dica é a seguinte: tenha tempo adequado de convivência com seu filho, não deixe todo o tempo dele comprometido com terceiros, senão a sua dor de cabeça virá mais tarde: ele não respeita seu papel, por uma razão bem simples: você terceirizou o seu papel.
Educar é amar. Educar não é dar informação, senão o google seria o maior educador de todos. Educar é dar valores, é criar a base emocional e ética, de respeito, de compreensão, de atitude social, de Deus, de tudo. Não terceirize isso.
Claro que seu filho pode ter dezenas de tutores, de parceiros no processo de prepara-lo para a vida. Mas nada como momentos bem pensados entre você e ele para passar a limpo tudo isso.
Preparado? Então mãos à obra, arrume essa agenda aí para conhecer o que o seu filho está fazendo, o que está estudando, o que pensa das coisas. Esse papel de amizade e parceria não deve ser terceirizado.
Se precisar de ajuda, peça, mas execute bem esse alinhamento.
Me conte como foi! Até a próxima.

Dr. José Fernandes Vilas

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