Como é viver no maior condomínio naturista da América Latina

Fonte: Uol

Link: https://tab.uol.com.br/noticias/redacao/2021/01/07/como-e-viver-no-maior-condominio-naturista-da-america-latina.htm

O interior de Taquara, cidade pacata na subida da serra gaúcha, guarda há 25 anos um clube de naturismo, um dos maiores da América Latina. Entre as araucárias frondosas e o campo verde, cerca de 200 sócios e moradores praticam, sem pudor, a nudez social. Crianças, jovens, adultos e idosos passeiam, nadam, se exercitam e vivem ali nus. Fazem compras pelados. Jogam futebol. Cozinham. E vivem ali muito bem. De acordo com os administradores do clube, o valor da joia (inscrição) é de R$ 1.500, e existem três categorias de associados: sócio mensalista paga R$ 125 e pode usar a infraestrutura do clube; sócio residencial e associado patrimonial tem direito de concessão do terreno e pode usar a infraestrutura do clube; sócio residencial e associado patrimonial tem direito de concessão do terreno e construção de uma cabana.

A reportagem do TAB visitou a vila naturista Colinas do Sol antes das festas de final de ano e conferiu a rotina das famílias e frequentadores da reserva, que tem área verde de 50 hectares, cerca de 60 chalés em estilo rústico, camping, pousada, mini-mercado, restaurante, quadras esportivas e até praia artificial. Algumas regras devem ser seguidas: proíbem-se comportamento sexual ostensivo, gestos obscenos, assédio ou propostas com conotação sexual. Usar roupas íntimas ou de banho em áreas comuns também não pode. Qualquer visitante é bem-vindo, mas é preciso primeiro marcar com antecipação a visita, por telefone ou e-mail, preencher um formulário de identificação e, claro, aceitar as normas. Ter familiares, amigos ou conhecidos que frequentam a associação favorece o hóspede. Na chegada, um funcionário do clube convida o visitante a assistir a um vídeo de curta duração sobre a ética e o regulamento interno da associação.

Perdendo o medo Luiz Inácio Jaiger, 62, é professor de sociologia e presidente do clube Colina do Sol. Junto de sua companheira Sabrina Teixeira, 30, e da amiga Glacy Machado, 70, recebeu o TAB em sua cabana. Entrecortada pela cantoria dos sabiás, a conversa rolou no pátio a céu aberto. Despidos como vieram ao mundo, eles contaram suas primeiras experiências com a nudez social. “Minha irmã mais nova foi quem me trouxe para cá. Ela já estava com essa onda de ser naturista e me deu um ultimato. Era seu aniversário e nós, os familiares, tínhamos de vir à Colina para a festa, mas não precisaríamos estar nus na ocasião”, conta Jaiger.

Luiz foi à festa na companhia dos pais e da avó. No chalé, a mana fazia um churrasquinho, pelada, ao lado do namorado e de alguns amigos. “Foi a primeira vez que a vi nua na fase adulta, entende? Foi um primeiro choque, digamos assim, e meus pais, minha avó, engoliram a seco tudo aquilo, mas aproveitando a tal experiência”, lembra ele, aos risos. A cena, um tanto cômica, ocorreu em 1995, quando Luiz havia recém-chegado da Bélgica.

Depois do churrasco, a irmã de Luiz convidou a família toda para passar a noite na cabana, ao invés de retornar a Porto Alegre. A condição seria passear pelo condomínio nu, no dia seguinte. Era junho e a temperatura estava amena, tipo veranico gaúcho em pleno outono, o suficiente para se despir e tomar um sol à beira do lago sem passar frio. Entre todos, o único que aceitou a provocação foi ele. Depois de ficar horas entocado na cabana, Luiz pensou: “Azar… Tenho de ir à praia [de água doce], vou sem roupa porque sei que minha irmã está contando com isso e não quero passar esse papelão, de bermuda feito um idiota”.

Sabrina Teixeira pula no lago do condomínio Colina do Sol, em Taquara (RS) Imagem: Luciano Nagel/UOL.
Da esq. para a dir.: Glacy Machado, Luiz Inácio Jaiger e Sabrina Teixeira, no Colina do Sol, em Taquara (RS)
Imagem: Luciano Nagel/UOL

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